15 de novembro de 2007

Deus

É isso mesmo que vocês leram. Eu odeio Deus. Se eu odeio tudo, então também tenho de odiar o criador de tudo.
Uma das coisas que mais me chateia no Todo-Poderoso é isso mesmo, ser todo poderoso. Se há alguém que devia ser todo poderoso era eu, e a única coisa que me arrependo em toda a minha vida é de não ter tido a ideia de ser todo poderoso antes d'Ele.

Nos próximos parágrafos irei defender o meu caso, no qual provo incontornavelmente que quem devia ser Deus era eu.

1.- A Humanidade é estúpida:

Acho que é bastante óbvio que se eu fosse Deus fazia um trabalho muito mais eficaz, começando por restaurar a selecção natural nos homens. Há décadas que gente demasiado estúpida para chegar à idade reprodutiva o tem conseguido fazer, e no processo, espalhar os próprios genes. O resultado é este:

Assim que eu assumisse o cargo de Deus, em duas gerações resolvia este problema com meia dúzia de pragas pandémicas estrategicamente colocadas.

2.- A Humanidade não acredita em Deus:

Outra coisa que eu iria reciclar dos tempos antigos era o raio no crânio. Deus é manso, e nunca manda um daqueles raios divinos que resolvem qualquer discussão numa fracção de segundo e com um cheiro a churrasco pelo meio. Comigo no trono divino, qualquer objecção ou dúvida de fé seria logo respondido com uma diferença de potencial eléctrico de 3 MegaVolts entre a ponta do meu dedo e a base do crânio do prevaricador. Calculo que em menos de três meses as igrejas, mesquitas, sinagogas e locais santos estariam a abarrotar de fiéis, que mesmo que não acreditassem em mim, acreditavam nos efeitos nefastos das correntes eléctricas no cérebro.

3.- Os Omnis são sobrevalorizados:

É do conhecimento geral que as divindades têm de cumprir três requisitos mínimos para serem considerados deuses:
Omnipresença: Estão em todo o lado.
Omnisciência: Sabem tudo.
Omnipotência: São todo poderosos.

Isto é tudo muito catita, mas sobrevalorizado. Vejamos o exemplo da omnipresença:
Toda a gente já esteve em sítios que dão vontade de cortar os pulsos, quer seja a casa da sogra ou num concerto de Paulo Gonzo, logo o facto de ter de se estar obrigatoriamente em todos os locais do mundo, inclusivé os maus, é o que eu chamaria uma grande merda. Prefiro estar onde é bom e quentinho, obrigado.

Saber tudo é muito giro pra impressionar as gajas intelectuais, mas toda a gente já passou por situações em que outras pessoas nos revelaram pormenores da sua intimidade/sexualidade/higiene pessoal acerca das quais preferiríamos ficar na ignorância. Imaginem saber os hábitos pessoais do José Castelo Branco ou do Carlos Cruz, e digam-me se ainda acham piada à omnisciência.

Não tenho nada contra a omnipotência. Rebentar estrelas só porque me estão a tapar a vista para a Grande Nuvem de Magalhães parece-me bem, mas para o resto do povo não ia ser muito agradável se eu pudesse fazer nascer um pinheiro no recto de quem me chateasse.

4.- Deus é imortal:

Ora bem, Deus é imortal, logo é incoerente. Sendo todo-poderoso, Deus deveria poder matar-se, mas como é imortal, não pode. O Professor Marcelo ficaria orgulhoso desta argumentação. Pena que eu odeie o Professor Marcelo.

5.- Deus não é fixe:

Já alguém viu Deus?
Não.
A minha conclusão é que Deus deve ser algum tipo feio e sem qualquer carisma. Provavelmente Deus é o primeiro nerd da história, totalmente associal, e que desde a Criação tem estado fechado no quarto a jogar World Of Warcraft.

6.- A Omnirazão

Com todos os omnis que Deus tem, falta-lhe o mais importante, e que só eu tenho: a Omnirazão, ou seja, eu tenho sempre razão. Se isto não chega para convencer toda gente que está a ler isto, então só prova que o gráfico que aqui apresentei é verdade.

Se estás a ler isto e achas que vou arder no Inferno pelo que acabei de escrever, então és capaz de ter razão, mas o Papa diz que não há Inferno, e o Papa fala com Deus ao telefone.

13 de novembro de 2007

Jornais desportivos

Antes de mais, devo sublinhar a falácia que é o título desta mensagem. Não existe tal coisa como um jornal desportivo, pelo menos em Portugal. Em compensação temos esse monte de matéria fecal impressa em papel de jornal que é o diário de futebol, e quem ousar dizer que essas coisas são jornais de desporto é obviamente uma besta.

O facto de um grupo de tolinhos arranjar o que escrever sobre futebol num jornal de 50 ou mais páginas todas as semanas é impressionante. O facto de o fazerem diariamente é assustador. O facto de o fazerem 3 pasquins diferentes é chocantemente estúpido. O facto de milhares de pessoas os comprarem regularmente é pura e simplesmente digno de fuzilamento, e mais uma prova que eu tenho razão quando digo que odeio gente.
O que é que me interessa se o Vítor Baía come esparguete com atum nos estágios do FCP? O que é que me interessa que o Simão tenha uma gripe e vai faltar ao treino de quarta feira? Eu quero lá saber se o Liedson lançou uma autobiografia! Isto merece um aparte odioso:

-------APARTE ODIOSO ACERCA DA BIOGRAFIA DO LIEDSON------------------

Como é que um tipo como o Liedson lança uma autobiografia? Se o facto de não saber escrever não fosse impedimento suficiente, ter uma vida tão interessante quanto um bloco de cimento devia chegar. Liedson, vou lançar a tua biografia escrita por mim, e vai vender muito mais.

BIOGRAFIA DE LIEDSON, POR METE NOJO:

Nasceu.
Deram-lhe um nome estúpido.
Saiu da escola por ser burro que nem um fóssil do Triássico.
Foi repor stocks pra um supermercado.
Fez uns bicos pra pagar as contas.
Foi visto a jogar num descampado por um empresário de futebol qualquer.
Joga no Sporting e marca uns golos.
Lança autobiografia acerca da sua vida recheadíssima e super interessante.
Morre assassinado por Mete Nojo.

Se calhar exagerei. Escrever nove linhas é capaz de ser demais. Tenho de ver se reduzo para sete, para que o Liedson consiga ler tudo. Quem diz Liedson diz o nome de outra besta qualquer que tem a mania que é vedeta, seja lá de que clube for.

-------FIM DE APARTE ODIOSO ACERCA DA BIOGRAFIA DO LIEDSON--------------

Bem, estou a divagar, de volta às coisas ridículas nos pasquins de futebol.
(...) Porque é que eu tenho de ser bombardeado com 346 opiniões diferentes acerca do resultado do Clube Desportivo Azóia de Baixo - Casal do Arrocho FC, mas se quiser saber quanto ficou o resultado da final da taça de Portugal de outro desporto qualquer, tenho de ir até à penultima página e sacar de uma lupa para saber? É um insulto para qualquer praticante de outro desporto saber que as cuecas do Lucho Gonzalez têm selo, na página 2, e que o campeão nacional de Volei é o Sporting de Espinho, na página 49.

A minha curiosidade acerca deste fenómeno ultrapassou o meu asco, e fui investigar umas estatísticas acerca da venda de jornais diários em Portugal. Estas são as percentagens médias de circulação dos 9 jornais portugueses mais vendidos no trimestre de Abril-Junho 2007:

Correio da Manhã – 11,8%
Jornal de Notícias – 11,3%
A Bola – 8,7%
Record – 8,4%
O Jogo – 5,7%
Público – 4,4%
Diário de Notícias – 3,9%
24 Horas – 2,8%
Diário Desportivo – 0,9%

Para se tirar conclusões a partir de estatísticas, existe todo um processo de avaliação de diversas variáveis que afectam os resultados. Neste caso específico o facto de
o somatório da circulação dos 9 mais vendidos só dar 57,9%, o número de pessoas que compram jornais não é fixo e é apenas uma pequena percentagem da população, seriam factores que estudiosos de estatística teriam em conta para tirarem as suas conclusões. Estudiosos de estatística são rotos. A minha conclusão é bastante simples e não está aberta a discussão:

EU ODEIO 8,7 + 8,4 + 5,7 = 22,8% DA POPULAÇÃO PORTUGUESA. O facto de que eu também odeio gente que lê o Correio da Manhã e o 24 Horas é outra luta.

Perguntam vocês, porque é que eu não odeio o Diário Desportivo? Simples: alguém conhece essa merda? Presumo que seja uma pilha de trampa como o resto, mas dou-lhe o benefício da dúvida.

Ok, não dou nada,
EU ODEIO 8,7 + 8,4 + 5,7 + 0,9 = 23,7% DA POPULAÇÃO PORTUGUESA.

Se és português e estás a ler isto, há 23,7% de probabilidades de eu te odiar por leres jornais desportivos e 100% de probabilidade de te odiar por outra razão qualquer. Se és brasileiro, há 50% de probabilidades de te odiar por gostares de samba e 100% por dizeres "legal".