10 de janeiro de 2008

Cães de raça pipi

O cão. O melhor amigo do Homem - segundo alguns falhados que não conseguem fazer amigos entre as gentes de duas patas - tem-no acompanhado ao longo da civilização, qual companheiro inseparável e sempre disponível para tudo. E como é que o Homem lhe paga?

Transformamo-los em montes de merda com pelos.

É isso mesmo que leram, hoje em dia existe um sem número de raças de cães cujo único propósito é aumentar a quantidade de pedaços de trampa com locomoção própria existentes. Como é que isto é possível? Para percebermos o enquadramento desta situação temos de recuar 10.000 anos no tempo e começar pelo início:

***************SEPARADOR DE NATUREZA CRONOLÓGICA***************

O cão primitivo era um bicho fodido, com mais dentes que células cerebrais e capaz de arrancar uma pata a si próprio se esta por acaso se lhe atravessasse no caminho. Matilhas destas criaturas dignas de um pesadelo dantesco, lançavam o caos entre os nossos antepassados, matando e comendo pedaços importantes de um gajo sem sequer dizerem "com licença".
O Homo Sapiens, pôs o seu cérebro de grande primata a funcionar e chegou à conclusão que a melhor maneira de resolver o problema era convencer o cão a juntar-se a ele.
Na base de muita bordoada, recompensas gastronómicas e na selecção dos elementos menos homicidas do grupo de canídeos, o Homem lá conseguiu que o cão deixasse de ter como maior prioridade na sua vida a dentada na jugular do dono. As coisas até começaram a correr bastante bem, porque se descobriu que o cão ajudava a defender o Homem dos outros canídeos não domesticados, além de ser útil no pastoreio dos bichos com cornos que o Homem curtia almoçar.

Faço agora um fast forward cronológico até ao presente:
Entrámos na idade do bronze, seguida da do ferro, Alexandre o Grande distribui molho por todo o mundo antigo, os Romanos seguem-lhe o exemplo, as invasões bárbaras redifinem o conceito de bordoada, na idade média faz-se do não tomar banho uma arte, os Mongóis invadem a Europa e é um festival de sovanço, o Renascimento põe travão na masculinidade dos homens porque os põe a pensar na vida, a Era indústrial inventa novas maneiras de nos matarmos uns aos outros, entra o século XX e é porrada generalizada pelo mundo na forma de duas guerras mundiais. E então o cão fodeu-se.

***************SEPARADOR DE NATUREZA CRONOLÓGICA***************

E perguntam vocês "porquê"? Porque o Homem deixou de ser atacado pelos bichos do mato, e o cão perdeu a sua função de guarda, ganhando o estatuto de bibelot peludo que caga nos tapetes.
Isto fez com que pessoas sem mais nada que fazer começassem a utilizar a selecção artificial para transformar o cão no maior paneleiro do mundo animal.
Ao fim de algumas décadas a amaricar o canídeo, um dos resultados foi este:



Sim, este roedor é um cão, da famosa raça Chihuahua. Este pedaçito de trampa é o reflexo de dezenas de anos de mariquice concentrada e refinada, da qual um grupo de criadores se sente extremamente orgulhoso. Odeio criadores. O mais triste disto tudo é que o próprio animal ainda não se apercebeu que é uma caricatura de um cão, e age como se fosse um tipo duro na presença de outras raças de cães, situação esta que invariavelmente termina com os orgãos internos do bicho espalhados por todo o lado.
Mas o Chihuahua não está sozinho no que toca a cães de algibeira. Vejam esta parada de palhaços de 4 patas:


O clássico cão de peluche. Acabei de me aperceber que fui dono de um bicho destes durante cerca de uma década, mas nunca me apercebi que era um cão. Eu bem me parecia que não era normal que a esfregona me mordesse de cada vez que limpava a casa de banho com ela, mas como sou um tipo rijíssimo até me sentia orgulhoso por ter utensílios de limpeza maus pra camandro.
A existência destes cães só se justifica se algum dia as ovelhas se extinguirem. Até lá, era abatê-los a todos.



Este cão é um belo exemplo da conjugação de duas tendências clássicas na criação de cães:
A tendência de criar cães de tamanho diminuto, ideiais para manter num apartamento, e a tendência de os fazer ter cara de parvos.
Já não chegava ser um cãozinho pequenino mete nojo, ainda tinha de ter uma fronha capaz de fazer um monge budista quebrar os seus votos de não-violência.
Voto na erradicação desta aberração.



E que dizer disto? Como é possível que um animal que faz uns milhares de anos esmagava espinhas dorsais de grandes ungulados à dentada, agora tenha 10 cms de altura e FRANJA! Esta Britney Spears canina devia ser proibida de pinar de forma a não espalhar os seus genes ridículos.









Confrontado com a dura realidade, cheguei à conclusão que a melhor maneira de derrotar estes cães arraçados de zooplâncton é criar a minha própria raça. Apresento-vos o Metenojês:

Como devem ter reparado, eu tive aulas de desenho com Leonardo Da Vinci tal é a qualidade deste esquemático. Segue-se a legenda:

1.- Uma das características mais proeminentes do Metenojês é a sua dentição. Estas adagas mortíferas são capazes de dilacerar tudo o que tenha menor densidade que o titânio, e vêm com uma garantia anti-risco de 2 anos. Para obter este efeito, o Metenojês foi criado utilizando genes de tubarão e de um Honda Civic.

2.- A língua do Metenojês é de pequenas dimensões, porque para este animal, manifestar afecto não é lamber a pessoa, mas sim abster-se de a desfazer em pedaços.

3.- Olhos de raio-X. Não porque sejam úteis, mas porque é fixe, e bastante mais fáceis de desenhar.

4.- O Metenojês não usa coleiras pipis. O Metenojês prefere um cinto de explosivos, para aqueles momentos practicamente impossíveis em que algo esteja prestes a dar cabo do coiro ao bicho. É o que se chama perder com estilo.

5.- Placas de urânio empobrecido revestem o Metenojês, de forma a aumentar as probabilidades de sobrevivência do canídeo na presença de artilharia anti-tanque. Metenojeses serão usados como carros de assalto nas guerras do futuro.

6.- Quadro de pontuações do Metenojês. Em cima regista-se o número de vítimas bipedais, e em baixo o número de vítimas de 4 patas.

7.- Cofre-forte onde o Metenojês guarda o júnior. Pode parecer um bocado roto usar um cinto de castidade, mas só diz isso quem não conhece as duas razões para tal aparato:

  • O Metenojês tem a libido de duas companhias do exército regular isoladas em combate há três meses, mais a libido das tripulações de duas traineiras de pescadores na faina do bacalhau há meio ano. É-lhe totalmente indiferente a espécie/género/modo de locomoção dos seus parceiros sexuais, visto que quando lhe dá a vontade, tudo num raio de 200 metros é sodomizado, inclusivé objectos inanimados.
  • Ser encoitado pelo Metenojo é tão saudável como tentar agarrar um obus em pleno voo. Com os dentes.
Esta espécie está tão regadinha de testosterona que mesmo as fêmeas desenvolvem tomates ao fim de alguns meses de vida. Isto cria alguns problemas reprodutivos, mas o Metenojês está-se basicamente pouco lixando.

8.- A cauda do Metenojês cumpre dois propósitos: Por um lado serve de malho para o incauto idiota que se aproxime demasiado, por outro serve para abrir mines. Mines é fixe.

Portanto assim que tomar de assalto um laboratório de genética, vou fazer esta maravilha de quatro patas e soltá-la numa exposição canina.

Se estás a ler isto e o teu cão se chama Fifi ou Pantufa, e não é um mastim de 70 quilos, prepara-te que o primeiro Metenojês que sair da fornada vai-te fazer uma visita.

3 de janeiro de 2008

Roupa

Só há um tipo de gaja que eu gosto: a gaja nua. Não admira que odeie a indústria têxtil e os lobbies associados, que são o único entrave a um dia ser lei as mulheres terem de andar nuas na rua.
No entanto, isto não passa da minha pila a falar, e se eu desse ouvidos ao Zézito, a esta hora era procurado em 3 continentes diferentes por assédio sexual. O problema é que mesmo ignorando o que o meu apêndice lúdico tem para dizer, não consigo deixar de odiar a cultura que se gerou à volta da roupa.

Este ódio começa logo por se manifestar em relação ao local de venda da roupa. Não, não estou a falar da feira cheia de ciganada e roupa contrabandeada/falsificada. Estou mesmo a falar daqueles sítios que infestam os centros comerciais, tal e qual uma colónia de fungos nas traseiras de um frigorífico de um restaurante fechado pela ASAE: As lojas de roupa.

Presumo que toda gente que está a ler isto já tenha entrado numa, visto que até vocês suas bestas primitivas precisam de se vestir. Eu sei que para gente com o QI da temperatura rectal é difícil não ficar hipnotizado com todas as luzes com as quais somos bombardeados quando entramos num centro comercial, mas se o conseguirem irão concerteza reparar na "música" que nos servem quando entramos num loja de roupa. Estas vibrações do ar a que chamam de música são o equivalente musical de uma granada de fragmentação. É-me bastante complicado escolher um par de calças, quando a minha maior preocupação é evitar engolir a língua durante os ataques epiléticos que aquela merda me causa.

Quando me lembro de levar tampões para os ouvidos, consigo finalmente concentrar-me na escolha da roupa propriamente dita, mas invariavelmente dou comigo a pensar se me enganei no caminho e vim parar a uma lixeira municipal. Digo isto porque a roupa parece que saiu directamente de um contentor do lixo estacionado à porta de um centro de acolhimento de jovens delinquentes.
Quando me dirijo às empregadas no meu tom simpático "Oh estúpidas, dêm-me calças de homem!", sou presenteado com um monte de trapos que talvez nos anos 90 tenham sido calças, mas que agora não merecem sequer estar no balde de uma mulher das limpezas de uma casa de banho pública.
O que mais me chateia é que nem depois de ter dado nas trombas a meia loja, me faço entender. Pelos vistos para a maioria das pessoas que está empregada numa loja de roupa o conceito "eu estou-me a cagar para se é moda ou não, quero roupa sem buracos!" é totalmente incompreensível.
O mais ridículo disto tudo é que as massas querem roupa que parece saída do tracto digestivo de um bovino para parecerem rebeldes. Minhas grandes morsas, vou-vos mostrar a definição de rebelde:

rebelde

do Cast. rebelde

adj. 2 gén.,
  • que se revolta;
  • que faz oposição;
  • insurgente;
  • indomável;
  • teimoso;
  • Portanto, irem a uma loja e gramarem qualquer merda que vos ponham nas mãos só porque é moda, não é ser rebelde, é ser apenas mais um búfalo na manada. Se querem ser rebeldes, ponham uma bóina ridícula, agarrem numa G3 e vão para uma selva tropical de um país miserável qualquer tentar fazer uma revolução comunista por via armada. Garanto-vos que não só andarão com a roupa toda rota, como também não terão de pagar nada por isso.

    Isto traz-me ao ponto seguinte, não por alguma sucessão lógica de ideias, mas porque me apetece: Slogans na roupa.
    É impressionante a quantidade de balelas que as pessoas estão dispostas a ter escritas na própria roupa. Para começar, só o facto de se levar o nome da marca escrita em letras garrafais numa camisola já devia dar direito a desconto no preço do artigo. Que eu saiba, ser um cartaz ambulante é ainda uma profissão com direito a ordenado.
    Depois temos as frases que algum Neandertal no departamento de marketing da marca achou que eram "fixes" de se pôr numa t-shirt. Barbaridades do estilo:
    "Urban style rebels"
    "Street crew est. 1985"
    "Youth spirit style"

    Mas porque é que estas trampas vazias de significado proliferam por tudo o que é t-shirt e camisola? E porque é que têm de ser em inglês??? Por mim era proibido essas merdas, e se queriam pôr frases com a profundidade de uma tia de Cascais, então tinham de as escrever em português. Algo assim:
    "Estilo da malta fixe lá do bairro"
    "Pessoal jovem com espírito. Fundado em 1986"
    "Somos tão fixes que até dói"

    Uma alternativa mais abstracta a estas frases sem sentido são os números. Tudo o que é gente já teve pelo menos uma t-shirt com a porra de um número gigantesco estampado ou no peito ou nas costas. O curioso é que nunca ninguém se interrogou "qual é o significado do número que ando a passear no peito todos os dias?". Eu digo-vos, é o número de neurónios de quem não se importa de ter um número na camisola.

    Esta merda deste artigo já está a ficar tão comprido que já o odeio só por isso, mas não consigo parar de me lembrar da quantidade de coisas ridículas que há na roupa. De qualquer forma, vou-me controlar e apenas vou falar de mais um pormenor: caracteres chineses/japoneses/cirílicos.
    Se não saber o que os números significam é mau, então passear uma frase em chinês no meio da rua é ridículo. Já se aperceberam que os cóinas dos chinocas podem muito bem andarem-se a divertir a exportar roupa para a europa com frases do estilo:
    "Eu levo no labinho honolávelmente"
    "Confúcio diz: se tens loupa com esclitos que não sabes lel és um tolã"
    "14"

    Se estás a ler isto e gostas de roupas com buracos, números e caracteres desconhecidos, então tenho aqui uma frase para pores no teu guarda roupa:

    xuai shong ting mei ling pow ziang miau tung

    Isto é cantonês fonético para "mata-te"