28 de agosto de 2008

O paradoxo do coiso

Com a chegada do calor, vejo-me obrigado a deslocar-me a sítios mais frescos, de forma a não queimar os fusíveis. Odiar produz muita energia térmica, e a máquina tem de ser refrigerada de quando em vez, indo a uma praia e enfiando o cabedal na água.
Isto traz o inconveniente de colocar a minha excelentíssima pessoa no mesmo hectare que outros cinco milhares de seres humanos, coisa que é tão agradável como uma colonoscopia realizada por um macaco cego com um piaçaba na mão.
Sou portanto obrigado a fazer alguma espécie de actividade recreativa, de forma a tentar abstrair-me do povo todo que me cerca. Algumas das minhas actividades lúdicas favoritas são espezinhar dunas, soterrar putos que estejam a abrir covas na areia e abater focas bebés à bordoada, entre outras coisas divertidas.

Uma vez estava eu na praia, ocupado a ignorar um daqueles putos irritantemente burros que parece que se perdem dos pais de 5 em 5 minutos e depois choram baba e ranho enquanto vêm pedir ajuda a estranhos, quando reparei num facto curioso: o fio dental já não é moda só no Brasil, e grandes manadas de gajedo por estes lados do Atlântico já aderiram à cueca enfiada na gaveta. "Espectáculo!" pensou o meu narso, "Cerveja!" pensou o meu fígado, "Porcas!" disse a cinquentona invejosa que se encontrava por perto e cuja pele desistiu de lutar contra a gravidade há pelo menos duas décadas. Não pude deixar de concordar com os três, já que realmente são umas porcas, o que é um espectáculo, e cerveja é sempre fixe, qualquer que seja o assunto que se esteja a discutir.

Como não podia deixar de ser, este estado de espírito quase positivo em que me encontrava, não durou muito tempo - ao contrário da ponteira com que estava - e rapidamente reparei noutro comportamento que o clube fio dental exibia. Através da linguagem corporal das gajas-cueca-na-gaveta deu para perceber que algo as incomodava.

Esse algo era eu.

Durante uns segundos pensei que isso era perfeitamente natural, visto que a minha presença é o suficiente para fazer azedar o leite e aumentar o número de abortos espontâneos, mas depois percebi que não era a minha aura de terror que as estava a incomodar, mas sim a direcção na qual os meus olhos apontavam: para as regueifas delas.

Rapidamente o incómodo ultrapassou a vergonha e as jovens com wedgies voluntários começaram a lançar impropérios verbais na minha direcção. De entre os comentários que me foram dirigidos, destaco o "Para onde é que estás a olhar?" e "Não tens nada melhor que fazer, oh tarado?". Ora bem, o primeiro comentário fez-me concluir que o gene responsável por traseiros jeitosos é incompatível com o gene responsável pela inteligência. Se uma gaja de fio dental tem de perguntar para onde é que eu estou a olhar, então vai enfrentar grandes dificuldades quando finalmente se decidir a aprender a ler.
O segundo comentário levantou uma questão pertinente, que foi porque é que eu só estava ali parado a olhar, em vez de chegar lá e espetar um sopapo no padiolo da gaja? Nem sequer me arriscava a que as pessoas me chamassem de tarado, porque já o tinham feito, e se ia ter a fama, porque não ter também o proveito?

Após marcar cada uma daquelas toiras com a marca da ganadaria Mete Nojo (exemplificada na imagem abaixo), gerou-se um certo sururu, nomeadamente da parte dos namorados das minhas novas conquistas, que não sei porquê, não acharam piada à situação.


Dois belos exemplares da ganadaria Mete Nojo.


Após ter desancado meio concessionário, afundado três barcos pesqueiros e arrasado o farol de sinalização, sentei-me a pensar nas implicações filosóficas desta questão do exibicionismo nas praias. Este exercício mental teve como fruto a teoria que baptizei de "paradoxo do coiso":

Paradoxo do Coiso, by Mete Nojo:

Membros do sexo feminino gastam enormes recursos económicos bem como de tempo na busca da perfeição física. A principal motivação desta demanda é a exibição destes atributos aos membros do sexo oposto, e a aceitação por parte destes. No entanto, é aqui que surge o paradoxo do coiso, pois é suposto que os membros do sexo oposto finjam que não estão a reparar no cabedal do gajedo, sob pena de serem acusados de tarados.

Ultrapassa-me que uma pessoa que ande com um decote até ao umbigo fique muito escandalizada com o facto da população masculina se recusar a olhar-lhe para os olhos. É o mesmo que eu andar com o narso de fora e estar à espera que tudo o que seja gaja não fuja quando eu me aproximo. Bem, sempre existem aquelas porcas que em vez de fugir, correm na minha direcção, mas divago.

Se estás a ler isto e não percebeste o paradoxo do coiso, então vai para a rua em pelota e tenta conversar com alguém que não seja um agente da autoridade.

E mata-te já agora, que eu já não estou de férias.

PS - Acabo de descobrir que já existe uma universidade dedicada a estudar o paradoxo do coiso exclusivamente: Universidade do Coiso