Estava a ver uma peça qualquer da RTP Memória - sim, eu sei que esse canal é um dos maiores desperdícios de largura de banda da história da Humanidade, mas a alternativa eram As Tardes da Júlia - quando deparei com uma entrevista feita em 1968 a três aldeões de Carcovedos de Trampões. A princípio julguei que estava a assistir ao rescaldo de um combate de boxe, pois nenhum dos entrevistados possuía mais de 30% da sua dentição, mas logo percebi que era mesmo um programa acerca da vida no campo.
O entrevistador - um senhor dono de uma voz típica dos locutores do Estado Novo, anasalada e reveladora de um cabo de vassoura enfiado no rabo - perguntava a estes três senhores como tinha corrido a vida nesse ano. A isto respondiam os aldeões com um discurso carregado de sotaque e erros gramaticais acerca de colheitas e vacas e o camandro.
Algo estava errado. A cena poderia-se ter passado em 2008, mas havia uma grande diferença: não ouvi uma única queixa. Ali estavam três das criaturas mais pobres à face da terra, cujo conceito de luxo é poder trocar de cuecas todas as semanas, e que de certeza que teriam milhares de razões para se queixarem da vida, mas segundo eles "a vida no campo é difícil, mas a gente aguenta."
Que senhores rijos! Burros que nem penedos e com vistas mais curtas que o pénis de um lutador de sumo, mas verdadeiros exemplos de masculinidade, porque um homem não se queixa nem que lhe estejam a calcar os tomates.
Mudei para a SIC Notícias e alguém estava a ser entrevistado acerca de uma seca qualquer que lhe tinha dado cabo da plantação de nabos. Este senhor, dono de uma dentição completa e perfeitamente alinhada, queixava-se do governo que não tinha feito nada para impedir a seca, e em quem as culpas recaíam totalmente. Presumo que este senhor desejava que os idiotas no poder mandassem um faxe àquela associação internacional que controla o tempo, a pedir chuvinha moderada. Basicamente, um maricas.
Fiquei a remoer aquela experiência e lembrei-me que na primeira entrevista Portugal era uma ditadura, e havia indivíduos no poder com penteados ridículos mas com polícias secretas com técnicas de tortura comprovadas. Já na segunda, feita nos dias de hoje, Portugal é uma democracia, na qual qualquer idiota pode votar, mesmo que seja um grande deficiente da cabeça.
Até vocês, seus eleitores, podem deduzir qual a conclusão inevitável: Ditadura faz de nós homens, democracia torna-nos em maricas.
É um ponto bastante fácil de defender, e esta tabela cheia de factos totalmente imparciais é prova irrefutável:
Mesmo esse grande ícone comunista que foi Álvaro Cunhal, provavelmente vos diria que foi a luta contra a ditadura que fez dele o homem que era. Tenho que admitir que o tipo para comunista era rijo pra camandro, tirando as alturas em que ficava amaricado e escrevia poemas.
Os Jogos Olímpicos de Pequim são um óptimo exemplo de que a ditadura é altamente. Os chineses ganharam mais medalhas de ouro que qualquer outro país, porque 60 anos de repressão ditatorial transformaram-nos em verdadeiras máquinas atléticas. O facto de que os putos são tirados à família aos 6 anos para treinarem, só faz deles homens mais cedo e é algo a copiar.
Dê por onde der, o que o povo precisa é de gente a mandar com pulso de ferro. Está nos genes das massas ser mandado, senão andam infelizes e queixam-se de tudo. Proponho a minha exaltação espontânea como Imperatore de Portucale, e prometo que apenas executarei quem não for giro ou usar penteados estranhos.
Se estás a ler isto e és capitão de Abril, mata-te. Espero que te nasça uma chaimite no cólon.