14 de abril de 2008

Artistas armados em tolãs


Mais uma vez a minha curiosidade mórbida levou a melhor sobre mim. A convite de uns indivíduos, que enquanto escrevo isto estão a ser enterrados no quintal pelo meu fiel escravo Bóris o corcunda, fui a uma galeria de arte.

Assim que entrei, fiquei fascinado.


É fascinante a quantidade de trampa que se consegue pendurar numa única divisão sem se ser acusado de vandalismo. Ainda verifiquei se não me tinha enganado na porta, e acabado em algum armazém palco de batalhas de paintball. Ficou rapidamente claro que não, que me encontrava na tal galeria de arte, e que tal como o nome indicava, aqueles equivalentes gráficos a uma encefalite aguda eram exemplos dessa tal "arte".

Estaquei perante um espécime, que consistia numa tela de 2x2 metros com fundo preto e dois borrões vermelhos, cujo nome era "Revolta". O imbecil do autor acertou na mouche. Foi esse exacto sentimento que me passou pelo crânio quando vi aquela deficiência emoldurada. Já não via um tamanho desperdício de 4 metros quadrados desde aquela vez em que deram uma cadeira no parlamento ao Partido da Solidariedade Nacional.

Enquanto tais pensamentos eram trocados entre os meus dois hemiférios cerebrais (andava há 3 meses a tentar arranjar uma desculpa para escrever aqui a palavra "hemisférios", porque é fixe e faz-me parecer intelectual. Quem não concorda que se mate), a minha boca já fazia das suas e recordo-me de dizer algo do género "eu pintava isto com a boca durante um ataque epilético".
Ao meu lado encontrava-se um senhor com ar de quem come paus de vassoura com o rabo ao pequeno almoço, que achou que estava na altura de terminar a sua existência terrena, e comentou "Não faço ideia porque deixam entrar estes bacocos sem sensibilidade artística, nestas exposições".


Este deficiente achou que me insultava ao me acusar de tal coisa. Sim, eu tenho a sensibilidade artística de uma betoneira, e tenho tanto orgulho nisso, como tenho de conseguir abrir minis à dentada. A sensibilidade artística não me ajuda a atingir nenhum dos três objectivos que tenho na vida: comer, dormir e pinar. Não preciso dela para fazer uma sandes, para roncar como se não houvesse amanhã ou para levar gajas a visitar o cafufo.
Alguns retrocessos que visitam esta trampa de blog diriam que há gajas que se sentem atraídas por homens com sensibilidade artística, e que é por essa mesma razão que Andy Warhol apesar de ter cara de virgem de 40 anos era gajo para desbravar 15 clitóris por semana. Pois é, mas vocês esquecem-se que o Andy era cheio de pastel, distribuía drogas como se fossem gomas dos ursinhos e viveu nos EUA dos anos 60, onde as pessoas pinavam mais do que comiam. Mesmo admitindo que certas gajas se sentem atraídas pela sensibilidade artística de um tipo, essas são as mesmas tipas que no dia seguinte se recusam a ir tomar o pequeno almoço a casa delas, porque querem discutir o último filme de David Lynch, esse cóina, ou exprimir-se artísticamente com as próprias fezes. Não, obrigado.


Voltando ao intelectualóide ranhoso da galeria de arte: Não obstante o seu comentário ser para mim um elogio, achei por bem entrar no espírito da galeria, e remodelar a cara do senhor segundo a corrente abstracta do início do século XX. Aqueles quadros do Picasso à primeira vista parecem fáceis de fazer, mas vi-me da cor do caraças para lhe pôr o nariz no queixo e uma orelha na testa.
Enquanto desfigurava irreversivelmente aquele pila arrogante, dei por mim a pensar que no fundo eu também sou um artista. Se este desperdício de pessoa que é o Stelios Arcadious é um artista, porque implantou uma orelha no braço esquerdo (ver foto abaixo), então eu sou um mestre da escultura corporal. Eu sou pessoalmente responsável por pedaços importantes de pessoas terem acabado nos sítios mais inesperados dos seus corpos. Mereço um subsídio do Ministério da Cultura.


O "artista" que implantou uma orelha no seu braço esquerdo.
Todos nós esperamos que a operação de implante seja acompanhada de uma vasectomia.



Se estás a ler isto e sabes distinguir um Monet de um Manet, parabéns. Eu sei a diferença entre um deficiente e um idiota. Sensibilidades diferentes.

3 de abril de 2008

Governos

No outro dia estava no tasco a malhar Favaios e a comer pedaços requeimados de gordura de porco morto há duas fases lunares, quando reparei que dois frequentadores daquele buteco se entretinham a discutir política. Ora como toda a gente sabe, em Portugal discutir política é muito fácil, e rege-se por um conjunto de regras muito simples:

1.- Dizer mal.
2.- Dizer ainda pior.
3.- Utilizar uma destas 3 frases: "É uma vergonha!", "Não há direito!" ou "São todos iguais!"
4.- A mais importante de todas: Nunca, mas nunca criticar construtivamente. Apresentar soluções para os problemas é roto, e nunca deve ser feito em público.

Como os torresmos já me estavam a abrir a úlcera, decidi entrar na discussão. Porque se há alguém que é bom a dizer mal, sou eu.
Durante os primeiros cinco minutos tudo correu bem, visto que me cingi a insultar o governo e tudo o que existe num raio de três quilómetros da Assembleia da Républica, pombas, estátuas e polícias sinaleiros incluídos.
O problema foi quando quiseram discutir as políticas específicas do governo... De repente dou por mim a ter de responder a perguntas do estilo:

"Mas diga-me lá Mete Nojo, o senhor é de esquerda ou de direita?"
"O que acha da política orçamental deste governo?"
"E a educação? Acha bem o que se passa?"

Os deficientes dos velhos tinham de estragar tudo.

Mas quem é que se interessa pelas medidas que um governo toma? Os governos só servem para uma coisa: saco de porrada. Se não houvesse governo para a malta do escritório dizer mal no intervalo do café, já há muitos anos que nos teríamos esfaqueado com os abre-cartas e as colheres do café. Sem governo isto seria a anarquia.
Ena, sou o rei do óbvio.

E que paneleirice é essa de esquerda ou de direita? Tive de explicar aos velhotes que a minha forma de governo favorita é aquela em que eu mando. Não me interessa se em termos técnicos esse governo seja comunista, fascista, ou déspota, desde que quem esteja lá em cima a lançar ordens totalmente irracionais seja eu.

Foi mais ou menos nesta altura que os velhos me olharam como se eu fosse as suas análises ao colesterol: Com medo.

À deixa de "Morram, velhos." puseram-se a andar e deixaram-me a sós com os meus pensamentos e meio pires de torresmos.

É nos tascos que o meu potencial intelectual atinge o seu máximo, e não surpreendentemente, entre dois copos de Favaios, cheguei a uma conclusão que ainda hoje me surpreende pelo seu brilhantismo: Eu sou o maior.
Sendo o maior, eu deveria mesmo mandar em toda a gente. Se cerca de 30 artigos de puro génio não chegam para vos convencer, então o facto de que fico bem em retratos presidenciais deixar-vos-á à procura dos vossos testiculos durante duas horas:


Aqui estou eu como presidente de um país Sul Americano qualquer. Sexy.












Eu, como líder das nações não-livres, a declarar guerra ao Mundo. Sassy.
















Eu como rei do Mundo. Noutra pessoa qualquer esta vestimenta seria obviamente maricas. No meu lombo é uma farpela muito máscula. Kinky.

















Se estás a ler isto, parabéns. Aguentaste uma das balelas mais longas que já aqui escrevi. Deves ser um imbecil masoquista.


1 de abril de 2008

Estou farto

Ao fim de vários meses a odiar, cheguei à conclusão que a pressão não é para mim. Estou farto de tanto ódio, e começo a considerar seriamente mudar de atitude perante a vida.
Há que admitir que para eu chegar a esta conclusão, contribuíram sem dúvida os comentários que eu tantas vezes critiquei, mas que agora vejo sob outra luz. Não posso deixar de dar razão a muitos deles, e admitir que dizer mal de tudo é uma atitude estúpida e que não leva a lado nenhum.

Neste momento vejo duas saídas desta situação, ou paro de escrever neste blog, ou então mudo o tema para algo muito mais produtivo, como actualidades e vídeos do YouTube com piada.

Bem, é tudo, obrigado.