21 de novembro de 2009

Pingo Doce

Ah... os intervalos publicitários da televisão. Um mal necessário ao qual todos nós já nos habituámos, e com o qual temos uma relação amor-ódio desde que éramos putos e nos interrompiam os desenhos animados para nos venderem brinquedos ridículos e doçaria duvidosa.

Esta tolerância que décadas de publicidade forçada nos impuseram no
organismo, pode em certos casos ser totalmente ultrapassada, sem qualquer aviso prévio. Isto acontece quando surge nos ecrãs um daqueles spots televisivos possuidor de um factor trampa tão elevado, que o telespectador vê a sua capacidade de encaixe de treta estoirar e imediatamente regurgita o jantar na carpete.
Já há uns tempos que não se assistia a um destes exemplos de mau gosto televisivo e como todas as calamidades cujo acontecimento se vai afastando no tempo, a memória destes anúncios começou a desvanecer-se e a assumir contornos mitológicos. Foi talvez por essa falsa sensação de segurança, que quando deparados com a nova campanha publicitária do Pingo Doce, os telespectadores portugueses foram apanhados de surpresa e redescobriram a sensação de um ataque de convulsões em frente ao televisor.Esta campanha, concebida pela Comsom, tem o mesmo efeito no telespectador que um biqueiro nos tomates: apanha-nos de surpresa, não dói ao princípio e pode levar ao vómito ao fim de 30 segundos.

Começando pelo spot mais longo que deu início à campanha, dá a sensação que o Pingo Doce fartou-se de vender fruta e esfregonas e decidiu entrar no ramo da hotelaria, pois vêmo-nos no meio daquilo que parece ser um anúncio às Pousadas de Portugal ou à campanha "Vá para fora cá dentro". Aos 25 segundos do spot, já com o espectador habituado a belas paisagens naturais e cenas bucólicas tipicamente portuguesas, os senhores do departamento de marketing do Pingo Doce (os quais a partir deste momento passarão a ser referenciados como "montes de esterco") dão-nos aquilo a que apenas se pode chamar de fantástico contributo para o panteão de símbolos tipicamente portugueses:


Um camião de distribuição de alimentos refrigerados, grande símbolo nacional.

Ainda o espectador tenta enfiar um lápis na boca de forma a não engolir a língua, e já os montes de esterco sobem a parada para o simbolismo foleiro/fascista. Vindo do nada, surge um avôzinho, de chapéu de cowboy, com a bandeira portuguesa a esvoaçar ao vento por detrás. Não sei porquê, mas parece-me já ter visto esta imagem algures...


Ahhh, regimes totalitários... os vossos ensinamentos não se perderam.

A partir daqui, o anúncio segue os padrões normais deste tipo de anúncio, com o habitual empregado de sorriso pepsodent e a fiada de frutos e vegetais tão perfeitinhos que só podem saber a trampa. Apenas quero apontar para uma imagem perturbadora que surge já perto do final, com um protagonista que ainda vai dar mais que falar neste meu desabafo. Quem conseguir adivinhar o que há de perturbador neste vídeo, é menos deficiente que o normal:


Predador sexual em acção.

Este anúncio, tão cuidadosamente elaborado pelos montes de esterco, apesar de efeitos devastadores na saúde mental dos espectadores, é apenas o primeiro de uma onda de deficiência televisiva, cujo objectivo só pode ser o de levar ao suicídio colectivo de toda a gente que tem um televisor. No seu encalço chega mais uma mão cheia de spots, com personagens que caem logo nas boas graças do espectador, se por boas graças entendermos uma vontade incontrolável de enterrar os polegares nos olhos de alguém.

O primeiro conta com a participação de um senhor que é o resultado do acasalamento entre a personagem do Joker protagonizado por Jack Nicholson, e uma bicha de cabaret. Esta espécie ainda não catalogada, vem no seu jeito tão característico, ajudar-nos a compreender um mistério que mistifica os eruditos desde a alvorada da civilização:
O que carago é o BRIX?

Não fora o facto de este ser provavelmente o conceito mais inútil da história da Humanidade, o ser explicado pela versão portuguesa do chupa-cabra, seguramente não ajuda nada à credibilidade do assunto.


A razão pela qual o sexo interespécies deveria ser interdito

Para acabar, os montes de esterco ressuscitam uma personagem do primeiro spot, que apesar de em apenas 2 segundos já ter tido uma presença perturbadora, é trazido para a ribalta, de modo a assegurar que ninguém fica intocado pela sua deficiência.
Este senhor, dono de um sorriso pedófilo como já não se via desde os tempos do 1-2-3, entra por nossas casas em grande plano, com a intenção de provar que além de predador sexual, é possível ser-se um grande idiota.
Com uma bela interpretação que seria digna de Óscar, este pai natal desempregado vem-nos repetir vezes incontáveis o seu nome, seguindo uma lógica directamente importada de um parque infantil (é óbvio que este senhor passa muito tempo nas cercanias de tais sítios), segundo a qual o nome dele não muda, tal como os preços do Pingo Doce. Outra coisa que não muda é o factor ridículo, que se mantém a um nível alto record ao longo de toda a duração do vídeo.

Estes anúncios são tão maus, que eu pergunto-me se não terão sido feitos assim de propósito, para que gente como eu falasse nisso. Se assim for, os montes de esterco são obviamente seguidores da máxima "publicidade negativa é publicidade". Qualquer que seja a razão, o facto de que me dá vontade de sufocar alguém com uma almofada de cada vez que uma destas trampas passa na TV, não deixa de ser uma realidade.

Se estás a ler isto e trauteias alegremente o pseudo-fado da campanha, espero que da próxima vez que fores a um Pingo Doce, sejas encurralado pelo velho pedo e pelo Joker/Chupacabra na ala dos lacticínios e que eles te expliquem o que é o Brix e como se chamam, de Janeiro a Janeiro. Matem-se.


PS - Para os deficientes que não viram os links para os vídeos acima:

Spot inicial: http://www.youtube.com/watch?v=Nmj6_ZTbBLk

BRIX: http://www.youtube.com/watch?v=jyJo3WtGFsI

António Melo de Sousa e Trampa: http://www.youtube.com/watch?v=L2-OrhOi6_0

20 de novembro de 2009

Mete Nojo lives again!

Olá pilhas de estrume com pernas, estou de volta.

Não vale a pena porem-se com perguntas patéticas acerca do que se passou durante este ano, porque eu não vou perder tempo a justificar o meu hiato literário. Não porque não tenha uma razão válida, mas porque vocês são trampa e não merecem qualquer tipo de justificação da minha parte.

Já sei que os habituais montes de esterco que fazem do seu passatempo preferido vir ao odeiocoisas deixar os seus comentários dignos de pena (mesmo depois de eu não escrever durante quase um ano... que falhados), vão aproveitar para criticar a "falta de qualidade" dos próximos exemplos de génio literário que eu produzir aqui.
Como não me apetece estar a responder a esses imbecis um de cada vez, deixo aqui uma resposta que serve para todos:


Matem-se.