20 de fevereiro de 2008

A caça desportiva

15000 BC - Ug é o chefe do clã Umpf. A seu cargo tem três fêmeas e doze pequenos Neandertais com o apetite de leão e as boas maneiras de um hipopótamo. Ug sai todos os dias da sua caverna, munido de uma moca de 20 quilos, pronto para distribuir bordoada por tudo o que seja ao mesmo tempo comestível e mais lento que ele próprio. Ug não é propriamente inteligente, mas tem discernimento suficiente para perceber que se não caçar nada, ver-se-á em apuros antes que se consiga dizer "Argh". Para Ug, a caça é uma necessidade.

2008 AD - António "Tóni" Carlos Silva é o patriarca dos Silva. O seu núcleo familiar é constituido por mais 3 pessoas:
- A esposa Maria da Conceição. Corria o ano de 1973 quando Maria da Conceição foi eleita primeira Dama de Honor no concurso da Miss Portugal. Para sempre traumatizada com a derrota, esta senhora decidiu refugiar-se na comida, e 35 anos a comer que nem um alarve já deixaram as suas marcas. Maria da Conceição afirma que o seu peso não a incomoda, tirando aquelas situações em que adormece na praia e acorda com uma equipa da Greenpeace a tentar devolvê-la ao mar.
- A filha Vanessa. Ao contrário do que o seu pai pensa, Vanessa é uma gigantesca porca. O facto de pesar 120 quilos não impede Vanessa de ir para a cama com todos os colegas da Escola EB 2+3 de Valbona de Baixo. E por cama eu quero mesmo é dizer beco/despensa/secretária/lavandaria. Para Vanessa, o conceito de dieta é raspar o açúcar do topo das bolas de Berlim que come ao pequeno almoço.
- O filho Carlinhos. Carlinhos é um daqueles putos cujo melhor amigo se chama Playstation 3. Uma dieta exclusiva de chocapic e bollycaos aliado a um modo de vida totalmente sedentário, fizeram de Carlinhos a primeira criança portuguesa a bater a barreira dos 90 quilos antes dos 10 anos de idade. Não obstante, Carlinhos diz que um dia há de ser jogador de futebol.

Toda a comida dos Silva é obtida nas grandes superfícies comerciais espalhadas de Norte a Sul de Portugal, e como é óbvio, os Silvas não passam fome. No entanto Tóni acha que é seu direito inegável de macho latino ser caçador, porque tal como afirma a Bíblia "o Homem é mestre sobre os animais".
Quando abre a época de caça, Tóni pega na sua caçadeira de canos duplos, coloca o atrelado dos cães no seu Datsun 1000, e parte com os deficientes a que chama de amigos para as diversas matas de Portugal. É nestes locais que Tóni e a sua pandilha procedem a abater tudo o que tenha sistema circulatório num raio de diversos quilómetros.
Acabando o dia de caça, tudo o que foi morto à chumbada é descerimoniosamente deitado no lixo, visto que o rolo de carne do Jumbo sabe muito melhor e dá muito menos trabalho a cozinhar.
Sendo practicante de caça livre ao invés de caça associativa, Tóni não faz nada para repor os animais que chacina por desporto. Para ele a caça é um passatempo.

Senhores praticantes de caça: não é um direito de cada ser humano eliminar a fauna que o rodeia só porque lhe apetece. Existe uma razão para que haja animais no mundo, e essa razão é para que vocês não pareçam tão estúpidos por comparação.
Eu também considero o resto da Humanidade inferior a mim, e no entanto não ando para aí aos tiros a torto e a direito (excepto às terças, quintas, domingos, feriados nacionais, municipais e dias do mês múltiplos de 5).

Se estás a ler isto e és caçador, por favor lembra-te de olhar para dentro do cano da tua espingarda quando a estiveres a limpar.
Se estás a ler isto e eu acabei de descrever a tua família, é pura coincidência. Já agora, os meus sentimentos.


PS: Odeio gordos tanto como odeio magros, e a única razão porque descrevi uma família de badochas foi para reforçar a ideia de fartura. Estou-me pouco lixando se algumas pessoas comem até implodirem com o excesso de massa, ou se fazem dieta até parecerem a Miss Etiópia 1986. Matem-se.

14 de fevereiro de 2008

O dia dos namorados

Ao contrário do que a vara de leitores pensa, eu não estou prestes a odiar o dia dos namorados, com todo o seu romântismo artificial, e apelo ao consumismo não ponderado.
Não, isso já foi feito centenas de vezes e eu estou aqui é para odiar onde nunca nenhum homem odiou.
Vou aproveitar o dia dos namorados para odiar uma coisa que muitos homens com e sem namorada se esforçam por atingir: uma boa performance na cama.

Eu sou mau na cama...

Agora que vos chamei a atenção, completo a frase: ... na perspectiva da gaja, porque deixem-me dizer que na minha perspectiva sou um deus do sexo. Nunca participei de uma sessão de pinanço da qual eu saísse insatisfeito, logo tenho um factor de satisfação de 100%. Minhas morsas, 100% é perfeição. No meu ponto de vista (que é o único que interessa) eu sou a máquina de coito mais perfeita à face da Terra.

A grande maioria das pessoas mede a performance sexual do homem, de acordo com a satisfação da mulher. Ora bem, isto é o mesmo que comer uma coxa de frango e perguntar ao galináceo se ele gostou. Se ainda vos parece lógico enveredarem em grandes acrobacias, ao ponto de sofrerem um estiramento na sarda, só para agradar à gaja que vos seguiu para a cama, então sois obviamente rotos. E se não acreditam em mim, ao menos acreditem na comunidade científica:




Outra vantagem inerente de eu não me esforçar nem um bocadinho para agradar sexualmente a uma gaja, são os carinhos. Eu odeio os carinhos. Se há coisa mais rota no mundo é um gajo acabar de abrir as comportas do petroleiro do prazer, e ter de fazer carinhos.
Eu encontrei a solução para evitar isto: Preocupo-me só em dar a descarga, o que geralmente demora menos tempo do que ela desejaria, e num único movimento executado a grande velocidade, desengato a roulote e viro as costas à gaja. Isto invariavelmente deixa a gaja tão surpreendida com o facto de já ter acabado, que nem sequer tem tempo de reacção para me tentar abraçar ou fazer festinhas. No caso daquelas gajas com mais perseverança, que mesmo depois deste tratamento de choque ainda me tentam abraçar por detrás, recorro ao meu arsenal de flatulência. Se o ôbus isolado não funcionar, recorro ao carpet bombing, e geralmente os efeitos são devastadores.

"Então mas oh Mete Nojo, se tu as tratas assim na cama, elas depois não querem pinar mais contigo."
E então deficientes? Pinar mais do que uma vez com a mesma gaja, aproxima-se perigosamente de uma relação para meu gosto. Além disso, tenho o meu orgulho. Prefiro andar 6 meses a colar páginas centrais da Playboy do que fingir que estou preocupado com a satisfação sexual das minhas parceiras. Posso ser um porco egoísta, mas ao menos sou honesto.

Se estás a ler isto e estás a espumar da boca por achares que eu sou um machista, então és burro/a. Eu sou é egoísta, e a única razão porque trato assim as mulheres é porque é com elas que dou stickadas. Se eu fosse para a cama com gajos, hermafroditas ou balcões de mármore, tratava-os exactamente da mesma maneira.


dedicado a LN

8 de fevereiro de 2008

Filmes intelectualóides

Quando a grande maioria das pessoas diz que vai ao cinema significa que vai engolir qualquer trampa Hollywoodesca numa dessas grandes superfícies comerciais. Eu odeio trampa Hollywoodesca, com os seus valores enlatados e tetos de silicone em gajas que têm o talento de uma mula. Mas um dia descobri o cinema intelectualóide, e cheguei à conclusão que há uma razão porque Hollywood tem tanto sucesso:
PORQUE HÁ MERDAS PIORES!

Pois é, talvez fosse uma hipoglicémia galopante ou insanidade temporária, mas o que é certo é que faz uns meses decidi começar a assistir a cinema independente. Descobri uma sala onde passavam filmes que as salas das grandes superfícies comerciais rejeitavam, e convencido que estava a tornar-me uma pessoa mais culta, lá fui eu um pouco menos mal disposto que o normal. Durou pouco.

Na minha primeira investida no mundo do celulóide chunga escolhi um filme turco, de seu nome "Climas".
Nem 15 minutos tinham passado e já eu rebuscava os meus bolsos à procura de uma lâmina para cortar os pulsos e terminar com a minha miséria. "Climas" faz jus ao seu nome e consegue realmente criar um clima:

TÉDIO!

Tédio de densidade tal que naquela sala até uma barra de chumbo flutuaria. Se os planos de 5 minutos da perna de uma cama enquanto duas das personagens pinam (se bem que fiquei na dúvida se estavam a encoitar-se ou a discutir a conjuntura da península da Anatólia, tal era a falta de paixão com que se entregavam à tarefa) ou a natureza patética dos protagonistas não chegam para entediar um fã hardcore de cinema alternativo, então a total inexistência de progressão do argumento durante aqueles 101 minutos de tortura, concerteza o farão.
Falta de progressão do argumento? Sim, ouviram bem. Se conseguirem aguentar durante o filme todo sem adormecer ou acabar com a própria vida, então serão presenteados com um final que deixa tudo exactamente como estava no início. Que belo desperdício de 100 minutos da minha vida.

Após este primeiro ensaio, recusei-me a acreditar que o cinema alternativo era todo assim. Pensei que fosse azar de principiante, mas de qualquer forma decidi matar a pessoa que me tinha aconselhado tal monte de trampa cinematográfico. Assim que enterrei o cadáver decidi tomar o assunto nas minhas próprias mãos. Consultei um site de crítica de cinema e escolhi um filme underground com boas críticas.

Big fucking mistake.

Cometi o erro (reparem no uso do paradoxo) de escolher uma adaptação francesa de "Lady Chatterley's lover" de D.H. Lawrence. Sim, fui ver o nome do autor à wikipédia - saber estas coisas de cor é roto.
Este filme bateu o anterior aos pontos no que toca a coisas ridículas. Comecemos pelo factor tédio, com o qual "Climas" tinha atingido um patamar que eu ignorava ser possível alguma vez outro filme ultrapassar. Enganei-me (lá está, o paradoxo outra vez. Eu sou mesmo bom nisto das figuras de estilo) redondamente. "Lady Chatterley" consegue entediar o funcionário da CP que anuncia as estações nas quais pára o suburbano, e não demora mais de cinco minutos a fazê-lo. Para isso utiliza as seguintes armas:

1.- Cenas inúteis: Sempre sonharam ver um filme onde o processo de tirar as espinhas a um peixe tem cerca de 5 minutos de tempo de ecrã, sem qualquer diálogo que o suporte? Pois então não esperem mais, Lady Chatterley é o filme ideal para vocês. Caso essa perda de tempo não chegue para realizar o vossa fantasia inútil, então talvez os 10 minutos de caminhada que Lady Estúpida faz de cada vez que vai pinar com o caseiro vos satisfaçam. Devo dizer que não tenho nada contra cenas paradonas ou sem diálogos, DESDE QUE TRAGAM QUALQUER COISA À HISTÓRIA!

2.- Diálogos praticamente inexistentes: A personagem de Lady Deficiente não é grande faladora. O mesmo se pode dizer do seu parceiro sexual, que durante o filme todo é gajo para dizer 5 frases. O único que ainda diz umas coisitas é o aleijado do marido, mas também pudera, com um par de cornos daquele tamanho não podia ficar calado.

3.- Este filme dura 168 minutos: Não, não pus um dígito a mais na duração do filme. Esta trampa arrasta-se por quase três horas, e no fim nem sequer pede desculpa por três horas da nossa vida perdidas para sempre. Alguém explique ao senhor realizador desta barda, que um romance de época não é a porra do Senhor dos Anéis.

O mais incrível deste filme é que no meio deste mar de tédio somos confrontados com ilhéus de puro choque. E digo isto no sentido negativo. Apenas vos vou descrever uma cena, porque isto já está a ficar comprido demais:

Imaginem Lady Chatterley a pinar com o caseiro contra uma árvore. Ambos têm a agilidade de um camião TIR com problemas de óleo e o savoir faire de uma criança de seis meses, o que elimina todo o erotismo que a cena poderia ter. Os dois terminam o serviço, caem para o lado e adormecem. Aqui entra mais uma vez o factor cena inútil, e em vez de sermos salvos pelo clássico fade-out e mudança de cena, temos de gramar com dois idiotas a roncar no meio da erva durante 5 minutos.
Quando finalmente Lady Porca se levanta do seu torpor, apercebe-se que - e preparem-se porque é inacreditável que isto faça parte de um filme - tem a cóina cheia de gosma do caseiro, saca de um paninho, alça a perna e procede à limpeza da franga. Se houvesse algum gajo naquela sala que tivesse ficado com o mastro hasteado à conta da cena de sexo, então de certeza que naquele momento ficou mais flácido que as bochechas do Mário Soares. Não fosse esta cena já perto do final do filme e eu aposto que ainda poderíamos assistir a Lady Nojenta a arriar o calhau para a câmara.

Terminado este suplício rendi-me às evidências e comprei um bilhete para o Homem Aranha 3, que apesar de ser um belo monte de trampa Hollywoodesca, ao menos não tem uma cena em que a Mary Jane limpa a cóina da gosma do aranhiço.

Se estás a ler isto e achas que os filmes que mencionei são grandes obras de arte, espero que nunca te reproduzas.


Para quem tem curiosidade mórbida aqui estão os links da Internet Movie Database para os dois filmes que acabei de odiar:
Climas | Lady Chatterley