20 de junho de 2008

Ginásios

Há momentos na vida de uma pessoa, que nos fazem duvidar das nossas próprias capacidades.
Até mesmo um tipo praticamente perfeito como eu passa por essas situações, e foi exactamente num desses momentos traumatizantes que me vi no outro dia: Fui assaltado por 15 mânfios armados de navalhas... e deixei escapar dois deles com vida. O mais humilhante da situação foi o facto de que um deles fugiu ainda na posse de todos os membros.
"Bolas" pensei eu, "Estou a ficar mole. Tenho de me pôr em forma se não quero ser ultrapassado em baixas pela malária".

Ainda pensei readquirir a minha antiga forma espancando criancinhas orfãs, mas cheguei à conclusão que a canalhada abandonada anda cada vez mais magrinha, pelo que é impossível obter algum tipo de exercício em condições desse desporto.

Decidi então inscrever-me num ginásio.

Rapidamente me familiarizei com todas as variedades diferentes de montes de trampa com pernas que partilhavam o estabelecimento comigo. De tal forma fiquei fascinado/horrorizado com a diversidade da fauna que por lá pulula, que achei por bem compilar um guia de sobrevivência para todos aqueles que decidirem arriscar uma inscrição numa academia.
Não faço isto porque sinta necessidade de ajudar alguém, mas sim porque precisava de qualquer coisa para pôr aqui no blog, não vão vocês começar a festejar o fim d'As Coisas Que Eu Odeio.

Capítulo 1 - Grandes ungulados:

O primeiro ungulado de ginásio do qual vou falar é o troglodita.
Estes indivíduos à conta de malharem tanto ferro, desenvolveram músculos previamente desconhecidos pela comunidade científica. Isto traz efeitos secundários indesejáveis, na medida em que eventualmente ficam com a sarda de um garoto de 10 anos e metade da cavidade craniana é ocupada pelos músculos do pescoço. Isto não impede os trogloditas de serem felizes, e é por essa razão que todo o santo dia eles lá estão, no ginásio, a levantar grandes quantidades de metal, enquanto se admiram ao espelho.
Não ocorre ao trogolodita que o objectivo inicial de agradar às gajas é capaz de estar comprometido à conta de já não conseguir pôr o júnior de pé por causa dos esteróides.

NOTA: Em caso de confrontação física com esta criatura, derivada de disputas por lugares de estacionamento ou utilização de equipamentos de musculação, apenas há que lembrar um pormenor: FICAR QUIETO. O troglodita tem uma relação cérebro-massa corporal demasiado pequena para detectar alvos que não estejam em movimento.

Outro grande ungulado de ginásio é a gaja-com-alto-caparro. Esta criatura apenas tem culpa de uma coisa: malhar mais quilos que nós homens. Devia haver uma lei que impedisse gajas com alto cabedal de ir aos ginásios e dar cabo da autoconfiança de um macho. Incontáveis inscrições masculinas em ginásios foram para as urtigas, quando confrontações despoletadas pelo orgulho masculino de algum incauto macho, acabaram com o interveniente do sexo masculino no chão a gemer com uma distenção no lombo e a gaja-com-alto-caparro descontraidamente a aumentar a carga em 5 quilos.

NOTA: Quando se virem na situação em que uma destas criaturas vos pergunta se pode "alternar" com vocês na máquina em que se encontram, simulem sempre um acidente cerebral vascular. Antes estrebuchar no chão, que passar pela vergonha de a ver pôr mais 20 quilos que vocês.

Lição número 2 - Bichos venenosos:

A Sílvia Porca tem essa alcunha porque é uma porca-de-ginásio. É facilmente identificável pelo seu guarda-roupa, ou na opinião de muita gente, a ausência deste. Para os menos dotados em termos visuais, é sempre possível detectar esta subespécie da gaja-de-ginásio pelos grunhidos de esforço, curiosamente similares aos gemidos que uma pessoa esperaria de uma mulher a ter um orgasmo, que faz ao levantar 5 quilos. É uma espécie muito frágil, que se deixar de ser o centro das atenções durante mais de 10 minutos, entra em depressão, definha e morre. Ou isso ou traz um top ainda mais revelador no dia seguinte, e estabelece novos recordes de badalhoquice.

NOTA: Quando confrontado com esta criatura na sauna mista, muito cuidado. Apesar do aspecto atractivo do cabedal deste mamífero, convém lembrar que a porca-de-ginásio é das criaturas mais venenosas do planeta. Estima-se que por ano, cerca de 3500 homens são envenenados com uma das 20 doenças venéreas que esta criatura transporta consigo.

O bicho venenoso que se segue é o gajo-que-sua-o-equivalente-à-capacidade-hídrica-da-barragem-de-Castelo-de-Bode, vulgarmente conhecido como Trampa-molhada.
Este tipo não tem culpa de ser assim, mas tem culpa de ainda não se ter suicidado. A utilização de qualquer aparelho imediatamente a seguir à passagem desta besta, apresenta as mesmas dificuldades que a travessia a nado do canal da Mancha e os mesmo efeitos secundários de esfregar plutónio nos tomates. Toda e qualquer doença cutânea que consigam imaginar é transmitida pelo trampa-molhada.

NOTA: O trampa-molhada é o maior inimigo do troglodita. Não há nada mais perigoso para o troglodita do que ter 300 quilos de ferro forjado acima da cabeça, e uma poça de suor debaixo dos pés.

Lição número 3 - Bichos candidatos à extinção:

Nesta lição ficamos a conhecer aquelas criaturas cuja estupidez os põe na primeira linha quando se trata de extinções em massa.

Um dos maiores candidatos é o idiota que desconhece as suas limitações. Este indivíduo é invariavelmente do sexo masculino, e caracteriza-se por uma discrepância entre a autoconfiança e o cabedal. É normalmente um principiante das andanças de ginásio, mas como sempre foi o tipo mais rijo lá do bairro, acha-se a pôrra do Schwartznegger. A primeira vez que chega à sala de tortura, acha boa ideia mostrar ao resto da malta que ele não está para brincadeiras, e tal como um touro a marcar território, decide levantar mais 50 quilos do que o clinicamente aconselhável.
É lógico que esta espécie tem uma existência curta e pouco brilhante, e ou aprende com os erros e evolve para o estágio seguinte (troglodita), ou transforma-se num deficiente de cadeira de rodas.

Logo atrás na fila temos o instrutor em ácidos. Este tipo extremamente irritante, acha que é bom para o bem-estar dos utentes do ginásio estar constantemente em cima da malta que está a sofrer. Como se o stress de ter 50 quilos equilibrados acima da nossa cabeça e prestes a esmagar-nos o crânio não fosse o suficiente, ainda temos de gramar com um pilinha com Red Bull em vez de hemoglubina a gritar "MAIS UM! MAIS UM! NÃO DESISTAS! ÉS MANSO!"
Esta criatura arrisca a extinção, pois por vezes dá por si a chamar "MARICAS!" a um troglodita de 120 quilos.

NOTA: iPods não funcionam quando se trata de ignorar estes indivíduos. A não ser que tenham o último álbum de Cannibal Corpse, os guinchos do instrutor em ácidos atravessam qualquer barreira sonora que lhe seja apresentada.


Se estás a ler isto e estás a pensar duas vezes quanto a inscreveres-te num ginásio, esquece tudo o que disse. Não há qualquer perigo nesses sítios. Nenhum.


Mata-te.

9 de junho de 2008

Gente que acha que eu tenho piada

Acordei ontem com uma ressaca (mais outra. Sou alto verdadeiro.) daquelas que merecem um poema épico. Por entre as ondas de dor e arrependimento por ter malhado tequilla que nem um possesso, consegui ligar o computador para ver a correspondência. Recebi um email de uns indivíduos pertencentes a um grupo chamado Produções Fictícias, a convidar-me para participar num concurso de rádio.

Porra, como eu odeio rádio.

Se há meiozinho de comunicação depressivo é a rádio. É daqueles formatos que só ainda não foi erradicado da face da Terra porque infelizmente quando se está preso no trânsito às 8:30 da manhã não se pode ver televisão. Aliás, como se não bastasse ser uma coisa aborrecida de morte, ainda fica permanentemente associada ao momento do dia em que toda a gente tem uma camada de 3 cms de remela a obstruir a visão e a disposição de alguém que acabou de descobrir que é do Boavista.

Depois há outra coisa que me incomoda: Aquilo tudo soa a falso.
As gentes da rádio têm aquela vozinha FM capaz de engravidar uma gaja só pelo som, e que deixa uma pessoa com a ideia errada. Um gajo ouve uma daquelas indivíduas dos programas da madrugada, fica com o mastro hasteado à conta do potencial sensual daquela voz, vai ao google procurar fotos, e adeus ponteira.
Pois é, não há maneira de adoçar a pílula: toda a gente que trabalha na rádio é feia. E quando digo feia, não estou a falar daquele tipo de feio à homem rijo, como é o caso do Petit, mas sim do tipo de ausência de beleza capaz de despoletar um motim de cada vez que se sai a público. Não é coincidência que esta malta esteja relegada a um meio de comunicação sem imagem, e que os poucos que passam para a televisão tenham ar de quem saiu directamente de uma convenção Star Trek (sim, estou a falar de ti Nuno Luz).

Apesar disto tudo, deixei a minha curiosidade mórbida levar a sua avante e fui ver de que se tratava este convite.
Aparentemente estes Produções qualquer coisa escrevem piadas, e querem que eu participe numa coisa chamada "Cómicos de Garagem" apresentada por um tipo que ninguém conhece e que tem nome de jogo de cartas.


Foi mais ou menos por esta altura que me rebentou uma veia na cabeça. Então eu tenho piada? Eu, Mete Nojo, tenho piada? Devo ter andado a cometer os crimes hediondos errados para que tenha sido esta ideia que tenha passado.
Só por causa disto decidi começar a espancar três crianças todos os dias ainda antes do almoço, até que estes tolãs me venham dizer que eu não tenho piadinha nenhuma. Mesmo que o façam, isso não vai atenuar a dose de bordoada que os espera, mas pelo menos as suas famílias poderão continuar a dar uso pleno às suas funções motoras.

Se estás a ler isto e és das Produções Fictícias, és feio. Mata-te.
Se estás a ler isto e não achas piada a esta mensagem, sorte a tua.