11 de agosto de 2007

Anúncios a bebidas alcoólicas

Quando eu era adolescente, conseguir beber grandes quantidades de álcool e gregar-se todo era considerado uma coisa muito máscula. Homem que era homem tinha que estar nas listas de espera de transplante de fígado antes de fazer 18 anos.

Infelizmente os tempos mudaram.

Quem vê os anúncios na televisão de bebidas alcoólicas fica com a ideia que para malhar copos é preciso ser-se metrosexual ou até mesmo bicha. Desde quando é que para malhar duas litradas de rum é preciso ter uma camisinha de seda às flores numa praia tropical qualquer? E quando é que de repente se tornou requisito mínimo ser um paneleiro de kilt e peito ao léu a cavalgar à chuva para malhar whisky? Até tenho medo de imaginar qual seria o reclame da Jaggermeister se houvesse um em Portugal. Ah enganei-vos seus cromos, eu não tenho medo de nada.

Já a indústria do vodka adoptou outra estratégia. Longe vão os tempos em que beber vodka era coisa de homem rijo, ao ponto de se cortar os próprios membros enquanto sob o efeito de tal bebida. Hoje em dia somos servidos com uma panóplia de reclames extraídos da mente de um hippie consumidor de LSD, em que a mensagem mais importante parece ser: "Podes ser um bêbado sem retorno, mas és um bêbado na moda e com sentido artístico". Rotos.


Eu podia aguentar isto tudo e nunca me manifestar, mas no outro dia a indústria da bebida quebrou o tabu mais sagrado de todos: o vinho tinto. Para os mais distraídos ou cronicamente estúpidos, ultimamente têm surgido anúncios a uma marca de vinho tinto (a da imagem) que tem tentado passar uma imagem "sofisticada", "moderna" e "refrescante".
O quê? Vinho tinto refrescante? Vinho tinto moderno? Vinho tinto de verão? Enquanto escrevia isto tive um ataque epilético e espumei da boca com a dimensão desta estupidez.
Quem deu o direito a estas bestas de conspurcar a imagem do vinho tinto? Centenas de anos de uma cultura de malhar tintol na tasca, molhar o bigode, cuspir para o chão de serrim, distribuir porrada pela mulher e pelos filhos e finalmente gregar vermelho, estão em risco de desaparecer se a geração Morangos com Açúcar de repente achar piada a malhar tinto. Já estou a imaginar, um grupo de badalhocas em mini-saia a distribuir panfletos do "Red Wine Festival Oeiras 2009, com o DJ SouUmCona, só 20 euros a entrada. A crew dos Morangos vai aparecer! Não sejas um cromo e vem também! Yah man!".

São coisas destas que me trazem pensamentos suicídas. Depois lembro-me que odeio o suicídio porque é coisa de rotos, bebo 3 litros de vinho tinto, bato no dono do tasco e passa-me a neura.

Se fores da indústria de bebidas espirituosas e estiveres a ler isto, mata-te. Se achas que o vinho tinto é moderno e sofisticado e se deve beber na praia ao som de Boss AC, mata-te a ti e à tua descendência toda por favor.

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